sábado, 7 de março de 2009

Refúgios

Das marchinhas carnavalescas e do samba para o rock progressivo –foi pensando em "Refugees", canção de um representante de tal gênero, o grupo inglês Van der Graaf Generator, que se encontrou o título para este texto– e a poesia campista. Quiçá seja mesmo o autor destas linhas movido pela alternância de marchas. Mas não das que, por equívoco dele e de mais ninguém, foram divisadas por um colega outro dia.
Sem ressentimentos, é melhor passar ao que interessa.
Os poucos leitores deste blog devem se lembrar da série "marchinhas" (com tudo em minúsculo mesmo), publicada aqui nos quatro dias de carnaval. Pois bem: a audição mais interessada dessas músicas antes e durante o reinado de Momo e a seleção de dados sobre elas que pudessem ser usados em textos e notas postados à época neste veículo foi algo muito bom para este Soprador de Vidro. Até mesmo por afastá-lo de um cotidiano saturado por informações pouco animadoras e às vezes muito enfadonhas.
Que se chame a isso de alienação. Talvez este que vos escreve prefira pensar em refúgios. Como se, impelido por um vertiginoso movimento ascensional, fosse imperioso fugir do terreno achatado da planície. Mesmo que, sob o (des)governo de um espírito trágico, se volte sempre e inevitavelmente a ela depois.
Tudo isso é para dizer que, entre os refúgios encontrados ou reencontrados pelo autor destas linhas nos últimos dias, destacou-se a recordação de uns versos da poeta campista Amélia Maria de Almeida Alves. Tal lembrança parecia insistir que ele voltasse a Vácuo e paisagem, livro da autora publicado em 1977. Lá há muita coisa melhor que tais versos. Mas, como foram eles os culpados pela busca da obra, pareceu importante registrá-los:
Apartamento(?)

aperta

aparta

desaparta

Eu hoje também saí.

(Amélia Maria de Almeida Alves)
Que esse poema sirva para abrir respiradouros por aqui. Talvez isso seja uma forma de retomar o espírito materializado no primeiro texto publicado neste veículo e quase esquecido.

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