domingo, 26 de abril de 2009

Apefaetec informa

Paralisação dia 29 de abril, com ato público em frente à SECT, às 10 horas

A FAETEC não faz concurso público para o ensino básico desde 2002, estamos sem Vale-Transporte também há 7 anos, não sabemos quando serão pagos nossos atrasados do Plano de Carreira e o governador Sergio Cabral Filho não se pronunciou até hoje sobre reajuste salarial para o funcionalismo público, apesar da inflação corroer nossos salários e os preços de todas as mercadorias aumentarem a cada dia ... O governo deu míseros 12% de reajuste salarial nos últimos 2 anos, mas nossas perdas são muito maiores do que isso! Queremos 66% de reposição de perdas salariais! Queremos o pagamento dos nossos direitos trabalhistas!
Na assembléia realizada na tarde do último dia 8, em Quintino, foi aprovada uma paralisação no dia 29 de abril, com um ato público em frente à Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (Rua da Ajuda, nº 5, Castelo) às 10 horas.
É fundamental que mobilizemos os colegas nas unidades, buscando uma maior participação na paralisação e no ato público, pois este é o momento de enfrentarmos este governo, que já se mostrou igual aos anteriores.

Vamos parar as escolas no dia 29 de abril!
Todos ao ato público em frente à SECT, às 10 horas!
Vamos à luta!
Diretoria da Apefaetec

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Sinais ou "Se eu fosse um político, minha vida não seria assim"

Não bastasse a falta de tempo (ou a má administração dele) deste (ou por este) Soprador de Vidro nos últimos dias, os problemas que ele vem enfrentando com seu computador parecem lhe emitir sinais de que é melhor entrar numa quarentena. Sem cobranças a si mesmo. Sem tentativas lamuriosas de explicar a seus poucos leitores o motivo de ainda não ter publicado nada sobre isso ou aquilo. Isso já está ficando chato.
Hoje, quando este escriba se preparava para voltar (de novo, de novo), a máquina, que havia ficado sem funcionar de quarta à sexta-feira da semana passada (período durante o qual ele se valeu de computadores de seus locais de trabalho, nos pequenos intervalos que teve), pifou mais uma vez. Pouco depois da postagem da primeira nota publicada aqui nesta manhã de segunda ("A fim de voltar"). Como se já previsse tal problema, ele escreveu ontem a segunda nota do dia ("comentários"), que foi, portanto, programada para publicação.
As palavras da leitora, colega e seguidora deste veículo Jéssica Carvalho (confira clicando sobre os Comentários de "A fim de voltar"), com um tom que oscila entre o de consolo e de crítica, reforçam ainda mais a constatação de que talvez seja mesmo o caso de dar um tempo. Assumidamente e sem mais reclamações. Até desistir de desistir de novo.
Se eu fosse um político, minha vida não seria assim. Bastaria criar uma teoria conspiratória para tentar convencer a todos de que o universo não anda mesmo a meu favor.

comentários

Jogo de colégio
Comentário de uma pessoa leiga em futebol sobre o desempenho do Botafogo na partida de ontem, contra o Flamengo: "Esse time não queria ganhar essa taça! Não pode! Pra fazer gol contra? Isso parece até jogo de colégio!"

A fim de voltar

–mas eu tenho um certo receio.
A fim de voltar.
–E não sei se devo ou posso
(Hyldon-Tim Maia)
Depois de tantos dias sem nada publicar, parece difícil voltar de repente e dar conta de tudo que poderia ter sido noticiado e/ou comentado e não foi. Sem contar que ainda falta cumprir uma promessa, mesmo que fora do prazo estipulado por quem a fez (confira clicando sobre os comentários ao texto "Para não dizer que vê tudo 'como uma sonda em Marte'").
O jeito é tentar fazer isso aos poucos e deixar as justificativas para depois, como que fingindo que nada aconteceu.
É impossível levar um barco sem temporais
E suportar a vida como um momento além do cais
("Movimento dos barcos": Jards Macalé-Capinam)

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Bololô

Hoje, as pérolas que estão rolando na(s) pick up(s) na Noite do vinil continuam negras. Mas a homenageada do dia é mais popular como A Marrom. Trata-se de Alcione, cujo repertório mais conhecido pelo grande público (principalmente o que acompanha melhor a carreira da artista nos últimos tempos) é formado por muita dor de cotovelo. Quase tudo gravado originalmente já há tempo por ela, mas bastante repetido porque virou sucesso e funciona bem com os ouvintes ("Nem morta", "Meu vício é você", "O que é que eu faço amanhã?" etc. etc.). Nada que a cantora não interprete magistralmente. No entanto, nunca é demais lembrar que Alcione já gravou grandes sambões. Embora talvez não se enquadre exatamente nessa categoria, "Bololô", além de apresentar um sacolejo bem bacana, termos daquele delicioso linguajar sambista (que inclui ziriguidum, telecoteco...) e registros de preconceitos que muita gente tem mas nega, vem sendo lembrada desde segunda-feira por este blogueiro. Por que será? Confira.

Bololô

Foi um bololô
Foi um bafafá
Foi um trelelê
Você nem pode imaginar

Certas coisas nessa vida
São boas mas proibidas
Que é melhor deixar pra lá

Pobre andar com gente fina
Velho namorar menina
Brincar com as águas do mar

Você não olhou no espelho
Nem ouviu o meu conselho
Foi aí que se estrepou

Eu falei, avisei
Agora sua batata já assou
Eu falei, avisei
Agora sua batata já assou

Apenas um registro

Pelo menos dois leitores mais ou menos assíduos deste blog já cobraram do responsável pelo veículo que dê sua opinião a respeito da Operação Cinquentinha. Aceitas ou não, este escriba já apresentou suas justificativas e fez até uma promessa (confira tudo clicando sobre os "Comentários" ao texto abaixo, "Para não dizer que não vê tudo 'como uma sonda em Marte'").
Embora Vítor Menezes talvez tenha razão em dizer que "Rosinha não deve perder o mandato" e decisões quanto ao caso em questão não se atrelem aos juízos do senso comum, este Soprador de Vidro resolveu ontem testar o pensamento de praça pública. Sem programar nada e recorrendo a um linguajar bem popular, perguntou num estalo a uma das incumbidas pelo cadastramento do Cartão Cidadão: "E aí quem sai primeiro: a passagem a um real ou a mulher?". Resposta da interlocutora - bem rápida no gatilho: "É... agora ficou difícil."

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Para não dizer que vê tudo "como uma sonda em Marte"

No final deste dia marcado pela Operação Cinquentinha (já meio sem valor, a começar pela perda do trema), depois de o assunto já ter sido tão comentado nos veículos da blogosfera goitacá, este escriba passa por aqui apenas para não deixar aos seus poucos leitores a sensação de que tem quanto ao caso um distanciamento como o de Nelson Ned em relação à noite de anúncio do AI-5, ponto extremo do golpe militar de 1964 –que, aliás, completou 45 anos no início do mês. É que uma recente releitura de Eu não sou cachorro, não: música popular cafona e ditadura militar, livro de 2002 de Paulo César Araújo –mais conhecido como o autor da biografia de Roberto Carlos proibida pelo rei– levou este Soprador de Vidro a uma estranha associação.
Em um dos capítulos de Eu não sou cachorro não..., "Como uma sonda em Marte", Araújo citou um depoimento de Nelson Ned, revelador de um estado, que, guardadas as devidas proporções, pareceu similar ao deste blogueiro, incapaz de comentar como gostaria muito do que vem ocorrendo em Campos nos últimos tempos e, particularmente, a operação da Polícia Federal deflagrada hoje.
Sobre o AI-5, o cantor que já foi considerado "um show de 90 centímetros" disse: "...em 1968 eu estava muito absorvido pela minha carreira, querendo lutar e tal. O meu negócio era trabalhar, ajudar minha mãe e mandar dinheiro pra casa. Por isso que o AI-5 pra mim não foi importante. Aquilo era uma coisa de um universo muito distante. É como falar de uma sonda que está lá em Marte. O meu universo era outro."
Não que este Soprador de Vidro tenha que ajudar financeiramente à mãe dele, considere os fatos que culminaram na Operação Cinquentinha distantes ou outro o seu universo. Ele até tem acompanhado o caso (o que foi publicado sobre o assunto no jornal Folha da Manhã, na revista Somos Assim e, obviamente, nos blogs). O problema tem sido dispor de tempo para comentá-lo. Se bem que, depois de tudo que já foi dito nos veículos da blogosfera goitacá por Ricardo André, Xacal, Vítor Menezes, Gervásio Neto, Gustavo Rangel e tantos outros, haveria ainda algo mais a escrever?

sábado, 11 de abril de 2009

Imagens do palco afundado do Teatro de Bolso

Mais ou menos como noticiado aqui na quinta-feira (09/04), parte do palco do Teatro de Bolso Procópio Ferreira afundou. Mais ou menos pois na nota daquele dia foi dito que o palco havia desabado.
Nas fotos abaixo, produzidas na noite de ontem, por volta das 22 horas, por meio de um aparelho de celular, registros do acidente.
Fotos: Katiana Rodrigues
O local foi interditado pela Defesa Civil Municipal.
Segundo uma atriz que conhece bem o teatro, as madeiras que sustentam o palco estão podres. Ela disse ainda que a bomba de sucção da água que fica sob ele sumiu durante a reforma de 1998 do teatro.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Vai ser notícia na mídia tradicional (se já não foi):


PARTE DO PALCO DO TEATRO DE BOLSO PROCÓPIO FERREIRA AFUNDOU!

O responsável por este blog não tem maiores detalhes sobre o acidente e nem dispõe de fotos dele, que, parece, ocorreu hoje à tarde. Também não acompanhou por inteiro as duas edições noturnas dos telejornais locais da TV Record e da Inter TV Planície e, até agora, não encontrou nada nos blogs e sites que tratam de Campos dos Goytacazes e das chamadas regiões Norte e Noroeste Fluminense. De qualquer forma, a fonte de informação dele é confiável. Alguém sabe algo mais sobre o assunto?
Atualização (10/04 – 17:57): substituição de o por parte do e de desabou por afundou no subtítulo da nota.

Se não é problema da conexão discada deste blogueiro

–o que não é improvável–, o site da Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes (campos.rj.gov.br) está de novo fora do ar.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

recortes

Um polemista que também é poeta

Articulista do jornal Folha da Manhã; membro da Academia Campista de Letras (ACL); consultor da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes); avaliador institucional do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais do Ministério da Educação (INEP/MEC); parecerista da Scientific Eletronic Library Online (SciELO), do Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde; pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); envolvido com uma pesquisa sobre o conto contemporâneo de Sérgio Sant'Anna; estudioso da obra de Hilda Hilst; ex-gerente de Cultura do município de Campos; fundador de um grupo teatral no Instituto Dom Bosco de Campos (atual Colégio Salesiano); integrante do Grupo Persona de teatro (o de Winston Churchill Rangel e não a escola de Tânia Pessanha, diga-se) e do Teatro Universitário de Campos (Tuca); cenógrafo, figurinista, diretor e maquiador; ator; editor do jornal Rota Gigante; estudante que cursou o ginasial nos Estados Unidos da América; arquiteto; ex-funcionário do Departamento de Engenharia do Banco do Brasil; graduado em Letras (Português/Inglês) pela Faculdade de Filosofia de Campos, quando ainda FFC (hoje Fafic); professor do Ensino Médio do Colégio Estadual Aristóbulo Barbosa Leão, em Laranjeiras, na Serra (ES); encenador da peça Vestido de noiva, com Marília Pêra, Tamara Taxman e Jacqueline Lawrence, no Teatro Gláucio Gil; especialista em Modelos Lingüísticos (à época ainda com trema, certamente) no Departamento de Línguas e Letras da Universidade Federal do Espírito Santo (DLL/UFES); mestre e doutor pelo Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); pós-doutor pela Universidade Estadual de Nova Iorque; responsável por uma performance na Andy Warhol Foundation (também em Nova Iorque); intelectual das Letras e das Artes; organizador da 5ª Bienal do Livro de Campos; responsável (segundo considerou) pela continuidade do processo de formação do Conselho Municipal de Cultura de Campos ((re)iniciado durante a gestão de Luciana Portinho à frente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima: o primeiro organismo público direcionado à área nesta planície foi criado na década de 1970) e pela retomada do Prêmio Alberto Lamego (na verdade, uma das retomadas); proponente de uma parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF) para trazer para Campos a escola de Cinema da instituição e criar no município um Pólo de Cinema.
Ufa!
Todos esses títulos pertencem a Deneval Siqueira de Azevedo Filho e foram exibidos numa entrevista concedida por ele à repórter Elena Viana e publicada no caderno "Folha 2" do jornal Folha da Manhã, no domingo passado. Mas o entrevistado ainda ostenta outras credenciais, não mencionadas em tal edição do períodico. Ele foi, por exemplo, coordenador do curso de Letras da Univerdade Estácio de Sá (Unesa) em Campos. E já se dedicou (será que ainda se dedica?) à poesia.
Dois títulos da produção dele nesse campo ("Anjo noturno" e "Essa coisa confete") vieram a lume num caderno do Diretório Acadêmico Nilo Peçanha (Danipe) da FFC (atual Fafic), reunindo o que foi apresentado na 2ª Mostra Universitária de Poesias de Campos. Certa vez, este escriba disse a ele ter encontrado, meio ao acaso, tais poemas e ouviu o autor lembrar com saudade do tempo em que ambos foram escritos, ressaltando preferir o segundo (sobre o qual consta o nome Denerval Siqueira). No volume em questão, II Mostra de Poesia – Danipe, datado de novembro de 1982, há ainda poemas de Antonio José Muylaert, Carla Sarlo Carneiro, Cesar Simas, Dagmar da Silva Crespo, Dionizete Barreto, Fernando Leite Fernandes, Guilherme Fernandes, Jailza Mota Tavares, Jorge Luiz Pereira dos Santos, Jorge Pereira Rosa, Luciano Aquino, Luiz Carlos da Silva, Marcos Provazzi, Maria Luiza Pinto da Silva, Ricardo Augusto, Ubirajara Alves Monteiro. Alguns desses nomes se notabilizaram mais que outros no campo da produção de poesia em Campos. Mas comentários a esse respeito ficam para outros "recortes". Por ora, aí vão as composições de Deneval Siqueira:
ANJO NOTURNO

Ah! Solto gosto de fluir assim
em noites eternas
Noites roucas de tão loucas!
E quando tarda, fim de sol poente
Brotar da noite quente
Eterno, perdido, eu
toco o sono tal gnomo.

Ah! Brilho por servir a noites-pérola
Afago a tua auréola,
Esquecida vida destemida!
Noite doida, tão querida!

Ah! Choro de perder-te, dia enfim!
Achava que não irias assim
Forte sonho fosco este: louco
Pensar que por menos um pouco
tu adormecerias em mim.
ESSA COISA CONFETE
Confete, enfeite, bar
fica o toque, fica o ar.
Confete, toque-suor
embalo, fervor e cor
momentos de cor.
Confete meu, pó
Confete seu, nó
em mim um confete só.

Convocação

Está marcado para 8 de maio, às 12 horas, no calçadão do Centro de Campos (Boulevard Francisco de Paula Carneiro), o lançamento oficial da campanha "EU QUERO VOTAR PARA DIRETOR", direcionada às escolas públicas municipais. A professora Hilda Helena já fez a convocação.
Atualização (10:26): Correção da data para a qual está marcada a manifestação. Já disse alguém, parafraseando famoso dito popular, que a pressa atrapalha a procissão. Como estava correndo para dar início a suas atividades sindicais de hoje, este Soprador de Vidro acabou se equivocando. Um agradecimento ao colega Fábio Siqueira, que rapidamente notou a falha.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Pérolas negras na "Noite do vinil"

Amanhã tem Luiz Melodia (na foto de Marcos DPaula, da Agência Estado) na Noite do vinil, evento organizado pelo fotógrafo e colecionador de filmes de terror trash e LPs de vários gêneros musicais Wellington Cordeiro. As pérolas negras que vão girar na(s) pick up(s) pertencem ao acervo do colecionador Márcio de Aquino, velho parceiro de Wellington nesse projeto com mais de um ano de existência, que ocorre toda quarta-feira na Taberna Dom Tutti (Rua das Palmeiras, 13), a partir das 22 horas.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Prepare-se, Sérgio Cabral!

Há quase uma semana, Xacal publicou em seu blog, A TroLhA, um texto no qual analisou três aliados da política fluminense: o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, o deputado federal campista Arnaldo Vianna e o ex-presidente do Diretório Municipal do PT de Campos Hélio Anomal ("O desesperado, o moribundo e o mercador de ilusões...").
Na parte em que tratou do primeiro desses personagens, o blogueiro, para justificar o que considerou atitudes de desespero do pré-candidato ao executivo estadual, causadas pelas pesquisas de opinião sobre a gestão do governador, descreveu recentes chiliques e articulações políticas deste. Entre os ataques de Cabral, destacou um ocorrido em Cabo Frio, dirigido ao prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, após umas vaias que atingiram o homem que governa o Rio viajando pelo mundo. Quanto às articulações políticas do ex-aliado de Anthony Garotinho, mencionou movimentos dele no interior do Estado, "para 'lotear' os cargos estaduais, a fim de criar bases para sua plataforma eleitoral..."
Como se Cabral dispusesse de uma equipe para monitorar a blogosfera goitacá (algo não muito difícil e que se não acontece é pelo desprezo dele pela "roça"), Xacal comentou as vaias em tom de conselho ao político: "Pobre desgovernado governador, seu sistema de 'inteligência' tem o QI de uma porta...A claque [que o vaiou] era do napoleão da lapa [Garotinho], que mantém em Cabo Frio alguns auxiliares bem próximos..." E, com a distância de um analista político, dedicou várias linhas às articulações supracitadas, dizendo, por exemplo, que "a capacidade de intervenção do Estado na vida do cidadão das cidades é muito pequena, e quase não reverte mais em votos, no raciocínio do clientelismo clássico...".
Pois bem: é bom que o governador que não consegue administrar nem sua inclinação para chiliques esteja preparado para a inauguração dos Centros Vocacionais Tecnológicos (CVTs) da Escola Técnica Estadual João Barcelos Martins (ETEJBM), marcada para hoje, às 16 horas –daqui a pouco, portanto. Ele verá que criar mais CVTs movido por interesses eleitoreiros e nomear figuras ligadas a seus aliados de Campos para ocupar cargos em tais unidades são medidas que talvez até lhe rendam uns votinhos no município, mas não contêm os ânimos de insatisfeitos com a situação dos servidores da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec). E não vai ser nenhuma claque daquele que foi padrinho político da candidatura dele ao governo do Estado que vai lhe mostrar isso. De qualquer forma, os repórteres do jornal O Diário estão convidados para o espetáculo.

domingo, 5 de abril de 2009

recortes

Sobre o Diário Oficial do município de Campos dos Goytacazes

Quando a Prefeitura de Campos dos Goytacazes passa a contar com um sistema próprio para publicação do Diário Oficial, talvez valha recordar que a proposta de implantação de tal estrutura não é nova.
Em 1966, o jornalista Vivaldo Belido aceitou fazer campanha para o então candidato a prefeito José Carlos Vieira Barbosa (Zezé Barbosa), sob a condição de que o postulante ao executivo municipal, "se eleito, abrisse a concorrência pública para a instituição de um Órgão Oficial para a Prefeitura de Campos". Vivaldo, hoje falecido, era, àquela época, dono do jornal A Cidade. O relato das (frustadas) negociações dele com o candidato e depois prefeito eleito está num dos capítulos do livro Política, políticos e eleições (imagem abaixo, capturada do blog Campistana), que foi escrito pelo jornalista, publicado em 1988 e relançado em 1993. A transcrição de um trecho de tal capítulo, "Aparece a figura da sub-legenda", no qual o autor descreveu as eleições de 1966 e acabou por justificar a razão de sua implicância com Zezé Barbosa, apresentada em várias partes da obra em questão, inaugura "recortes", nova seção deste blog.
Aos leitores dispostos a ler o longo texto a seguir e mais interessados pelo assunto nele abordado, vale dizer que, em 1966, Carlos Ferreira Peçanha, ao passar de presidente da Câmara Municipal de Campos a prefeito e assumir a cadeira de Rockefeller Felisberto de Lima, substituiu um vice-prefeito que chegou ao poder por conta da morte do titular do cargo, João Barcelos Martins, em 1964, logo após o golpe de Estado ocorrido naquele ano; a sub-legenda foi uma criação do período dos governos militares por meio da qual os dois únicos partidos políticos da época (Aliança Renovadora NacionalARENA e Movimento Democrático Brasileiro MDB) poderiam lançar mais de um candidato ao poder executivo.
No mais, observem-se no trecho aqui recortado alguns dos aspectos recorrentes no mundo da política campista (mas não só no dela): a relação da mídia local (mais especificamente a impressa) com os políticos; o discurso de um recém-eleito sobre a necessidade de "arrumar a casa" (a Prefeitura) e sobre o descompasso entre o orçamento virtual e real (o que estaria "apenas no papel") como desculpa para não cumprir compromissos de campanha (o daqui assumido com um jornalista e não com a população).
Quiçá alguns dos poucos leitores do que é publicado neste blog que têm mais de cinquenta anos se lembrem com saudade de uma das antigas sedes da Prefeitura, a do "casarão da praça São Salvador", prédio hoje caindo aos pedaços, embora abrigue há mais de duas décadas o Projeto Museu de Campos.
Os curiosos por conhecer o desfecho do desentendimento entre Vivaldo Belido e Zezé Barbosa podem ler em Políticas, políticos e eleições todo o capítulo do qual foi extraído o trecho transcrito abaixo. Trata-se de assunto que foge ao interesse do primeiro dos muitos "recortes" a serem publicados aqui.
"ROCKEFELLER de Lima se afastara da Prefeitura para candidatar-se à Câmara Federal e Carlos Ferreira Peçanha, o Carlinhos, estava à frente do governo municipal. Ele era um Zezé doente e fazia tudo em prol da candidatura do seu amigo à sucessão municipal, incluindo-se nesse tudo o fato do seu tio, Theotonio Ferreira de Araújo Filho, estar ocupando o governo fluminense. Carlinhos e Zezé se desdobravam em busca de apoio e foi aí que sobrou para mim. Sérgio Sieberath era secretário de fazenda de Carlinhos e este desejava que eu fizesse no jornal a campanha de Zezé. A princípio disse não. Mas Carlinhos insistiu e Sérgio, embora não tomasse posição, torcia no sentido de que eu seguisse o caminho indicado por Carlinhos. Estavam as coisas nesse pé quando ele, Carlinhos, levou Zezé ao jornal (jornal “A Cidade”) num fim-de-noite para uma visita de algumas horas.
Zezé pode ser o que fôr, mas, principalmente quando quer, é uma simpatia. E numa segunda visita ao jornal eu aquiescera em faz a solicitada campanha eleitoral pró-Zezé no jornal. Ficou faltando saber o que eu queria pela prestação do serviço, detalhe também resolvido nessa segunda visita.
Disse a Zezé que desejava apenas que ele, se eleito, abrisse a concorrência pública para a instituição de um Órgão Oficial para a Prefeitura de Campos. Fiz essa exigência e passei às suas mãos um exemplar do órgão oficial de Cachoeiro do Itapemirim, município considerado inferior a Campos, inclusive economicamente, e que entretanto já dispunha do seu jornal para divulgação dos seus atos oficiais.
Zezé achou a idéia simplesmente genial e brilhante. Disse que quanto a isso não haveria nenhuma dúvida e entrou numa série de considerações favoráveis à instituição de um órgão oficial para a Prefeitura de Campos, meta cujo primeiro passo seria o envio à Câmara de mensagem nesse sentido.
Dispunha eu, nessa ocasião, do melhor dispositivo gráfico de Campos, dotado de quatro máquinas linotipo e de impressora rotativa, máquina no Estado do Rio possuída apenas pelo “O Fluminense”, em Niterói, e por “A Cidade”, em Campos. Estava acima de qualquer dúvida, assim, que aprovada a mensagem para a instituição do órgão oficial da Prefeitura e aberta a concorrência pública, eu a ganharia sem sombra de dúvida.
Estruturei a campanha pró-Zezé e comecei a mandar brasa. Defendi a tese de que o melhor candidato seria Wilson Sá, mas que este não dispunha de condições eleitorais para eleger-se, salientando como segunda opção Zezé Barbosa, um sangue novo que merecia que se lhe desse oportunidade de governar o município, inclusive porque os demais candidatos, José Alves e Ferreira Paes, tinham ambos passado pelo governo municipal sem nada que os recomendasse realmente a uma reeleição.
Foram dois ou três meses de marteladas diárias e, dois ou três dias antes da realização do pleito, o José Alves procurou o Juiz Eleitoral, dr. Décio Cretton, para reclamar que o jornal “A Cidade” estava criando um clima emocional junto ao eleitorado, prática prevista no Código Eleitoral e proibida por aquele instituto.
Realizado o pleito, Zezé venceu, beneficiado inclusive pela soma de votos das sub-legendas. Eu não mais o vira durante a campanha e nosso terceiro encontro, nessa época, seria casual, num almoço no Palácio do Ingá com o governador Theotonio de Araújo. Zezé estava então com umas três ou quatro semanas de eleito e, ao ver-me, desdobou-se em elogios, salientando que a campanha funcionara cem por cento e que ele gostara muito, que fôra muito engenhosa. Essas coisas.
Continuei, conforme é do meu feitio, não procurando Zezé, sempre fiel ao princípio de que políticos, com mandatos ou não, governantes ou não, nada têm para me dar. Essa talvez seja a razão por que conto nos dedos, com sobras, os amigos políticos que tenho e os conservo até hoje, estejam ou não no exercício de mandatos.
Cerca de dois meses depois da instalado o novo governo campista fui à presença do prefeito Zezé Barbosa cobrar a instituição de um órgão oficial para Campos. Eu estava cheio de planos nesse sentido e nem de longe imaginava que o assunto viria a ter o desfecho que teve.
Muito compenetrado e às vezes fazendo sobrolho, Zezé recebeu-me em seu gabinete do casarão da praça São Salvador. Disse-me cordialmente que eu deveria esperar um pouquinho enquanto ele arrumava a casa. A frase não me soou bem porque, afinal de contas, encerrava uma restrição, ainda que sutil, a Carlinhos, o prefeito que tanto fizera para a eleição do novo governo.
Esperei mais que um pouquinho e retornei à presença do prefeito Zezé Barbosa para ouvir a mesma cantilena, tudo dentro da maior cordialidade e em meio a assuntos diversos.
No terceiro e último encontro que então tivera com o prefeito Zezé Barbosa resolvi lhe perguntar o que estava havendo, afinal. Ele me disse que as coisas não eram bem como ele pensava, que a situação estava abracadabrante etc. Disse-lhe que, ao contrário, o orçamento era promissor e dele ouvi a assertiva de que era engano, pois estava tudo apenas no papel.
Concluí que não adiantava argumentar nem contra-argumentar e decidi dar o papo como terminado. Antes, porém, disse ao prefeito Zezé que aproveitava aquele momento para desejar a ele a realização de um bom governo e que, por muito bom que viesse a ser esse governo, teria certamente seus aspectos negativos e estes seriam por mim explorados, exercendo assim uma oposição àquele governo.
Falei muito baixo, mas estou certo de que Zezé captara todas as minhas palavras. Tanto que ele, meio rindo (afinal eu o estava liberando de um compromisso), disse-me que ele estava por dentro e que jornal em Campos não vivia sem ajuda da Prefeitura. A essa afirmação lhe respondi que, quanto aos outros jornais, eu não sabia. Mas que "A Cidade", se não viesse a fechar, manteria a posição ali por mim anunciada."
(BELIDO, Vivaldo. Aparece a figura da sub-legenda. In:_____. Política, políticos e eleições. Campos: Damadá, 1988. p. 179-182).
Atualização (23:17): Revisão do texto de apresentação do trecho transcrito e inclusão de duas frases no início deste, visando a valorizá-lo mais.