domingo, 9 de maio de 2010

Mamãe Coragem

A escolha para marcar esta data, antes de tudo comercial, que é o Dia das mães, não deixa de ser meio óbvia. Mas a versão gravada por Gal Costa desta composição, em Tropicália ou panis et circensis, marcou a formação deste Soprador de Vidro, embora produzida bem antes que ele nascesse. Que o registro dela venha embalado pelos versos -talvez também meio óbvios, para quem conhece um pouco de poesia- de Paulo Leminski: "não discuto com o destino/o que pintar/eu assino".

Mamãe Coragem

(Caetano Veloso e Torquato Neto)

Mamãe, mamãe, não chore
A vida é assim mesmo
Eu fui embora
Mamãe, mamãe, não chore
Eu nunca mais vou voltar por aí
Mamãe, mamãe, não chore
A vida é assim mesmo
Eu quero mesmo é isto aqui

Mamãe, mamãe, não chore
Pegue uns panos pra lavar
Leia um romance
Veja as contas do mercado

Pague as prestações
Ser mãe
É desdobrar fibra por fibra
Os corações dos filhos
Seja feliz
Seja feliz

Mamãe, mamãe, não chore
Eu quero, eu posso, eu quis, eu fiz
Mamãe, seja feliz
Mamãe, mamãe, não chore
Não chore nunca mais, não adianta
Eu tenho um beijo preso na garganta

Eu tenho um jeito de quem não se espanta
(Braço de ouro vale 10 milhões)
Eu tenho corações fora peito
Mamãe, não chore
Não tem jeito
Pegue uns panos pra lavar
Leia um romance
Leia "Alzira morta virgem"
"O grande industrial"

Eu por aqui vou indo muito bem
De vez em quando brinco Carnaval

E vou vivendo assim: felicidade
Na cidade que eu plantei pra mim
E que não tem mais fim
Não tem mais fim
Não tem mais fim

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