quarta-feira, 4 de novembro de 2009

bairrismo (meio às avessas)

Por conta da morte do grande antropólogo, filósofo e intelectual francês (embora nascido na Bélgica) Claude Lévi-Strauss, anunciada ontem para o mundo todo, um artigo escrito por Caetano Veloso sobre o pensador foi publicado hoje no jornal O Globo. Para quem não sabe, o cantor, compositor, músico e também intelectual foi muito influenciado pelo autor de Tristes trópicos –algo relatado no texto ora em questão–, citado direta e explicitamente em sua canção "O estrangeiro": "O antropólogo Claude-Lévi-Strauss detestou a Baía de Guanabara/Pareceu-lhe uma boca banguela".
Para os campistas, é digno de nota um trecho do artigo de Caetano em que, para contestar uma certa concepção do falecido apoiada na distinção entre natureza e cultura, ele citou um filho da planície goitacá:

"Meu analista, MD Magno, diz que todo o papo de linha entre natureza e cultura traçada pela proibição do incesto é furado. Me convence. Mas Lévi-Strauss foi uma das mentes mais lúcidas e um dos estilos mais elegantes com que tomei contato em minha vida adulta."

Trata-se do cunhado da professora de História Maria Nilza Patrão, que escreveu com a colega Marluce Guimarães a obra didática Gente da terra. Apenas para situar melhor o leitor quanto a esse que para alguns talvez não passe de um ilustre desconhecido, vale transcrever algumas palavras do musicólogo Vicente Marins Rangel Júnior em seu livro Recortes da memória musical de Campos (1839-1965), lançado em 1992:
"Nos ramos da Psicologia e da Psicanálise há dois nomes campistas de realce a nível [sic] nacional: o psicanalista MAGNO MACHADO DIAS, ou MD MAGNO, membro do Colégio Freudiano do Rio de Janeiro, inteligência brilhante e polêmica, que causou pasmo à população esclarecida de sua cidade ao declará-la "a mais reacionária do país", em declarações ao Jornal do Brasil (1990). Magno, que estudou piano em Campos, transcreveu numa espécie de livro um seu Seminário sobre Psicanálise, ao qual deu o título de A Música, contendo interessantes relacionamentos entre aquela ciência e a arte dos sons"* (p. 55).
Quase vinte anos depois de dizer isso, o que MD Magno falaria de Campos hoje?
* O outro nome de realce ramos da Psicologia e da Psicanálise de quem tratou Rangel Júnior foi Moisés Groisman.
Atualização (08/11 – 20:50): Revisão do texto, correção do parentesco da professora Maria Nilza Patrão com MD Magno (de quem é cunhada e não irmã), inserção do sobrenome dela e da nota indicada pelo asterisco.

2 comentários:

Margareth Bravo disse...

Olá Professor Gustavo!
Estou surpresa de saber dessa declaração do M.D.Magno, não pelo que ele disse, até porque concordo> Sem nenhuma ofensa as sensíveis e brilhantes cabeças campistas, incluíndo o próprio M.D. Magno, e vc naturalmente. O que eu gostaria de te sugerir, é que você entrasse em contato coma Editora dele, a Novamente, propondo uma entrevista para tratar desse e de outors temas.E mais eu gostaria de participar das perguntas e assim como vc, também publicaria a entrevista no meu blog o que vc acha dessa proposta? Tenho frequentado as palestras do M.D. Magno e acho que seria uma grande generosidade que ele partilhasse seus conhecimentos com a terra campista contribuindo assim com a reflexão coletiva e talvez apontado ferramentas de ação e ebulição.
Quanto ao Caetano, ele sempre bebeu nas melhores fontes, só não sabia, dessa relação dele com o M.D.Magno.
Aguardo sua resposta!
Um afetuoso abraço

Gustavo Landim Soffiati disse...

Boa idéia, Margareth. Mas não tenho contato com M.D. Magno. Só o conheço por referências feitas a ele e por seus livros. Se não me engano, tenho apenas um.
Onde ele tem dado palestras?
No mais, obrigado por me incluir entre as brilhantes cabeças campistas. É muita generosidade sua.
Um abraço.