Uma rotina chata. E, em decorrência disso e do frio, preguiça e vontade de só dormir. Uma certa cobrança a si mesmo por estar perdendo tempo dormindo demais.
Assim foram os últimos dias deste Soprador de Vidro, que, sempre que pôde, além das tarefas profissionais (sindicato e magistério), domésticas (providenciar a manutenção de chuveiros e vasos sanitários durante o feriado...), paternas (ajudar em deveres de casa do filho, comprar-lhe acessórios para um desfile na escola...), conjugais (namorar...) e familiares (almoçar com os pais e irmãos...), quando não "optou" pelo escapismo (preguiça e sono em quase todas as horas vagas), encontrou alguma satisfação intelectual: lendo, vendo ou ouvindo alguns DVDs e CDs que o esperavam na prateleira (organizando tais itens da forma possível); prestigiando apresentações de música (Belina 2 e Dom Américo no Samba e Cultura no Mercado; Quinteto Art Metal, no SESI-Campos) e teatro (Piedade, no CCBB-Rio; O casamento roubado e outras histórias, no SESC-Campos); indo ao Arquivo Público Municipal em companhia de uma historiadora sergipana em visita à Planície...
Momento espectador. E expectador. Sem erro ortográfico, como sói acontecer por aí.
Produção só nas esferas profissional, doméstica, paterna, conjugal e familiar. E nem sempre no sentido mais pleno.
No magistério, por exemplo: não faltam provas dos governos estadual e federal na rotina do professor. Anteontem foi a 6a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), do governo federal. Mas não faz muito tempo foram (e daqui a pouco certamente virão novamente) as provas do Sistema de Avaliação da Educação do Estado do Rio de Janeiro (Saerj). O que se avalia por meio delas –assim como de qualquer atividade aplicada por qualquer professor da rede pública–, quando professores e alunos ensinam e aprendem cada vez menos, numa atividade cada vez mais marcada pela prestação de contas do pouco que se fez (preenchimento de diários, conselhos de classe, lançamento de notas num sistema on-line...)?
Quase impossível ligar essa tarefa tão (im)produtiva às outras esferas. Como vincular o que há de produtivo (de maior concentração nas esferas sindical –a despeito de respostas satisfatórias às demandas de tal atividade–, doméstica, paterna, conjugal e familiar) e de receptivo (fruição estética) à reflexão intelectual (atualmente restrita à (im)possibilidade de escrever neste blog)? Há como ser um rascunho de intelectual orgânico nessas condições?
De repente, bateu uma preguiça neste Soprador de Vidro. De repente, deu um sono nele...